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Programação: substantivo feminino

Workshop ADAs e sua importância para o incentivo de mulheres no STEM

 

Texto: Izadora Araújo

Você já parou para reparar como as assistentes virtuais são majoritariamente mulheres? Ou já acompanhou as discussões envolvendo o aplicativo de saúde da Apple que, ao ser criado, não previa o monitoramento do ciclo menstrual? 

Essas e outras discussões foram destaque no Workshop ADAs 2025, um encontro promovido pelo Projeto ADAs, do Instituto de Informática da UFG, focado no incentivo à participação ativa de mulheres na computação e áreas afins. Com um público de mais de uma centena de participantes, a ação ocorreu nos dias 14 e 15 de Outubro de 2025 com atividades que ocorreram majoritariamente no Anfiteatro 1 do Instituto de Física (IF/UFG), no Câmpus Samambaia, em Goiânia/GO. 

Na programação, palestras inspiradoras sobre protagonismo feminino, reunindo docentes, alunas e egressas para compartilhar experiências e incentivar a participação ativa das mulheres na área de tecnologia. A professora Cristiane Bastos do INF/UFG, por exemplo, compartilhou com as participantes a sua própria trajetória acadêmica e profissional e também exibiu uma série de depoimentos de outras professoras, ex-alunas e estudantes do instituto, ressaltando a importância da representatividade e da perseverança feminina no setor.

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O número de professoras no INF/UFG vem crescendo ao longo dos anos, e atualmente, são 18 docentes mulheres, um avanço significativo comparado ao passado. A professora Cristiane também refletiu sobre a baixa presença feminina em sua própria época de formação, quando havia apenas cinco mulheres na turma. Já a professora Erika Morais Martins Coelho, que coordena o projeto ADAs, reforçou que, apesar da predominância masculina na área de TI, as mulheres têm plenas condições de alcançar grandes resultados, ocupando espaços por meio de suas ações e projetos.

As professoras Taciana Novo Kudo, Telma Woerle de Lima Soares, Luciana de Oliveira Berretta e Deborah Silva Alves Fernandes compartilharam suas trajetórias e desafios pessoais, abordando a conciliação entre vida profissional e pessoal. As falas foram marcadas pelo orgulho que sentem ao ver a iniciativa crescendo e ganhando relevância, além do encorajamento e reflexões sobre o espaço das mulheres no meio acadêmico e tecnológico.

Outra participação de destaque foi a da egressa Heloisy Rodrigues, a primeira aluna formada no bacharelado em Inteligência Artificial no Brasil, curso presente no INF/UFG. Em sua mensagem, ela ressaltou a importância da autoconfiança e da presença feminina em áreas ainda marcadas pela desigualdade de gênero, como a IA.

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Cristina Yoshida, que também foi palestrante, representou a Aliare, empresa de tecnologia que vem se destacando por fomentar a equidade de gênero e o desenvolvimento de competências no ambiente corporativo. Durante sua fala, ela compartilhou projetos internos da companhia que têm como foco a inclusão e o protagonismo feminino, como o Indica Ali, o Aliadas+,  voltado 100% para mulheres e a Fantástica Fábrica de Competências, todos com o objetivo de ampliar a presença feminina no mercado de trabalho e promover a equidade nas organizações.

Cristina reforçou ainda a importância de equilibrar hard skills com soft skills, como o autoconhecimento, fundamental para o desenvolvimento de uma liderança eficaz e autêntica. Nesse contexto, ela discutiu também como conquistar voz e presença em ambientes majoritariamente masculinos. Citando dados de grandes empresas, Cristina alertou que as mulheres ainda ocupam menos da metade dos cargos de liderança. Segundo ela, comunicar-se com confiança, estar preparada e reconhecer seu próprio valor são atitudes essenciais para romper barreiras e ocupar espaços de decisão.

O evento também abordou, para além da área tecnológica, o desenvolvimento de habilidades nas participantes. Jordânia Bispo, mestra em comunicação ministrou uma palestra sobre "Comunicação assertiva e estratégica no ambiente de trabalho”, já Leda Gimbo, psicóloga e professora da UFG, reforçou a autoestima das participantes em uma fala sobre “Como lidar com a Síndrome do Impostor". 

A mesa redonda "Carreiras em computação: existem outros caminhos além da programação?” ilustrou como a tecnologia é interdisciplinar e vai muito além de escrever código, trazendo perfis femininos de sucesso em diversas áreas. A atividade reuniu a professora Elisângela, vice-coordenadora do ADAs e pesquisadora de gênero na Computação com “Anna e Só”, líder do programa Outreachy, que tem foco em oportunidades de Open Source para minorias na tecnologia; Bruna de Brito, desenvolvedora júnior de software na TOTVS, empresa multinacional de desenvolvimento de softwares de gestão; Juliana Zinader, também docente da UFG e coordenadora de projetos de saúde digital (CGIS/UFG), já tendo atuado no Ministério da Saúde; Letícia Camargo, que integra o projeto Meninas Digitais no Cerrado; Taciana Kudo, docente do INF/UFG e coordenadora de projetos no CEIA/UFG, assim como coordenadora de formação de Recursos Humanos no AKCIT/UFG e Thâmara Cordeiro, graduanda em engenharia de software com foco na justiça social.

Outra mesa redonda sobre "Construção de uma IA mais ética, uma visão feminina” trouxe novamente a professora Érika Coelho e adicionou a professora Deborah Silva, vice-diretora do INF e pesquisadora em PNL aplicada a diversas áreas, Camilla Pinheiro, advogada especialista em direito digital, Giovanna Vargas, estudante de veterinária da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e cofundadora da WiMilk que utiliza de visão computacional no rastreamento de mastite bovina e a docente Márcia Cappelle, pesquisadora em teoria dos grafos, para discutir tanto os aspectos técnicos e de governança da inteligência artificial quanto as lentes de gênero, diversidade e inclusão, evidenciando os riscos de IAs construídas sem diversidade. 

Catarine Sales, head de gente e gestão na Cilia Tecnologia abordou "Como tornar o seu linkedIn mais atraente", com dicas de aprimoramento do perfil para ampliar as oportunidades das participantes. Já Larissa Rosa, pesquisadora do CEIA e Cientista de Dados também na Cilia Tecnologia, falou um pouco mais sobre “Entre Pixels e Tokens: A evolução da Visão Computacional com Modelos Generativos”’. Já Emili Dias que atua na segurança pública do estado do Mato Grosso partiu de sua experiência na participação de programas para mulheres na tecnologia para falar sobre “Muito Além do Código: Educação, Inclusão e Futuro Feminino em STEAM”.

Amanda Pina, Geovanna Campos, Laila Ferreira e Tatielly Cristine trouxeram para audiência o dado impressionante da presença da maioria feminina nos jogos digitais. A palestra "Jogando contra as barreiras: mulheres e o mundo dos games” elucidou que o gênero é sub-representado como personagens, desenvolvedoras e líderes dentro da indústria. Contudo, apesar de ainda enfrentarem desafios como preconceito e assédio, elas mostraram que os games também são lugar de protagonismo feminino. Falar sobre isso é essencial para promover igualdade, segurança e inovação na indústria que mais cresce no mundo do entretenimento.

Um mundo de atividades

Além das palestras principais, ainda rolou uma Exposição de Jogos com instrutoras de ponta do Instituto. Daniela Fernandes e Bruna Mota, mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPGCC), trouxeram a representatividade da pesquisa acadêmica na área de Jogos Digitais. Ambas são engajadas na área e viajam para congressos de relevância para compartilhar os resultados de suas pesquisas. 

Dentro do INF/UFG existe um grupo de programação competitiva de referência nacional. A Monkeys esteve presente no workshop para oferecer uma Oficina de Programação Competitiva, ministrado por três mulheres, que inclusive atuam como estagiárias do Nubank, um banco digital. Lauane Mateus (graduanda) e Mariana Dourado (recém graduada) do curso de Ciências da Computação e Nicole Liecheski, graduanda no curso de Engenharia de Software exploraram juntas desafios em programação em uma interação dinâmica com as participantes e com a propriedade de quem já participou de muitas competições do gênero. 

Em um momento de descontração, uma caça ao tesouro organizada pelo ADAs e GDG Goiânia (Google Developer Group) agitou as participantes. As pistas, espalhadas pelo Instituto de Física e de Informática, levaram até uma frase oculta em uma imagem que deveria ser desvendada. Os prêmios foram uma pelúcia do Octocat para o primeiro lugar e uma nécessaire vermelha do GDG para o segundo e terceiro lugares.

Nos intervalos do Workshop, uma bancada comandada por Mayra Chagas da FIAP também chamou a atenção. As participantes puderam experimentar um protótipo que permite controlar dispositivos, inicialmente lâmpadas, usando sinais captados por uma tiara com sensor de ondas cerebrais. Quanto mais concentração, mais lâmpadas se acendem. A atração foi um sucesso, atraindo não só as participantes, como também outros estudantes presentes no prédio.

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Quem apoia essa causa 

Reunir tanta gente boa só foi possível por conta dos apoiadores do workshop. Dentre eles estão: Centro de Competência Embrapii em Tecnologias Imersivas (AKCIT/UFG); Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA/UFG); Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE/UFG); Aliare Digital; Cilia Tecnologia; Alura e FIAP; Git Hub e Rancheiro

Um evento feito a muitas mãos

O Workshop ADAs 2025 mostrou a força da rede de apoio à participação feminina na computação desde a sua concepção até a execução. A equipe de organização, formada majoritariamente por voluntárias e alguns voluntários, trouxe estudantes e egressos da UFG ao trabalho coletivo em prol da realização do evento:

Organizadoras: Elisangêla Silva; Érika Coelho; Laura Martins; Luiza Costa; Léia Santos

Ana Luísa Pereira - Engenharia de Software (UFG) / Diego Enrique da Silva - Ciência da Computação (UFG) / Diogo Mendes - Ciência da Computação (UFG) / Gabrielly Pereira - Relações Internacionais (UFG) / Isadora Reichembach - Relações Internacionais e Sociologia (UFG) / Isadora Yasmim - Engenharia de Software (UFG) / Joyce Beatriz - Engenharia de Software (UFG) / Júlia de Souza - Engenharia de Software (UFG) / Júlia Santos Coité - Ciência da Computação (UFG) / Léia Santos Costa - Ciência da Computação (UFG) / Maria Eduarda - Artes Visuais (UFG) / Maria Michelle - Ciência da Computação (UFG) / Milena Guimarães - Biomedicina (UFG) / Natalie Almeida  - Ciência da Computação (UFG) / Raphaelle Silva  - Ciência da Computação (UFG) / Thayanne Nathalie  - Ciência da Computação (UFG)

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O Workshop ADAs reforça a relevância de espaços de fala e escuta dedicados às mulheres, especialmente em áreas técnicas, e destacou o papel fundamental do INF e de suas iniciativas, como o projeto ADAs, na promoção da equidade de gênero no ambiente acadêmico e profissional.

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Fontes: Izadora Araújo; Mariana Mendes e Luiza de Oliveira

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