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Doutoranda do INF-UFG cria protótipo para auxiliar na alfabetização de crianças

Pesquisadora do INF fala sobre o seu estudo em tecnologias para alfabetização com foco em avaliações de escrita. Orientada pelo professor Fabrizzio Soares, o principal objetivo da pesquisa é desenvolver um método para auxiliar na condução de ditado das palavras para crianças e também um suporte à interpretação da avaliação pelo professor.

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Entrevistamos a doutoranda do Instituto de Informática, Jaline Mombach sobre o seu estudo em tecnologias para alfabetização com foco em avaliações de escrita. Orientada pelo professor Fabrizzio Soares, o principal objetivo da pesquisa é desenvolver um método para auxiliar na condução de ditado das palavras para crianças e também um suporte à interpretação da avaliação pelo professor.


A pesquisa ainda está em fase de desenvolvimento e a estudante solicita que alfabetizadores e pais/responsáveis respondam o questionário. Confira a entrevista na íntegra em que a pesquisadora responde às principais dúvidas:

Faça uma breve apresentação da sua trajetória acadêmica e como começou o interesse pelo âmbito da tecnologia e alfabetização.

Sou bacharela em Ciência da Computação e mestra em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Pampa. A minha formação inicial foi no Curso Normal em Nível Médio e por isso, trabalhei durante 6 anos em escolas. Essa aproximação com as escolas fez com que eu tivesse muito interesse nas subáreas de Interação Humano-Computador e Informática na Educação ainda durante a graduação. Já como professora do Instituto Federal Farroupilha (RS), tive contato com professores alfabetizadores da rede pública e percebi a demanda por tecnologias para a área, principalmente porque na minha cidade, durante o período do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), os professores tinham que enviar relatórios bimestrais com avaliações individuais dos alunos, feitas manualmente. Logo após, iniciei o doutorado na UFG e o Prof. Fabrizzio Soares me desafiou a trabalhar com algo que eu tivesse interesse e que realmente pudesse trazer uma contribuição para a sociedade. Assim, começamos a investigar nessa área tecnologias para alfabetização com foco em avaliações de escrita.


A ferramenta para apoio à alfabetização foi criada a partir da pandemia da COVID-19 ou ela já existia? Como está funcionando essa relação entre a pesquisa e a pandemia?


Começamos o projeto CLAT (Children Literacy Aid Tool) em setembro de 2018 no grupo PixelLab. O principal objetivo é desenvolver um método para auxiliar na condução de sessões automatizadas de ditado de palavras para crianças e fornecer suporte à interpretação da avaliação pelo professor. Em nossa abordagem, estamos construindo uma ferramenta de pré-avaliação para ser usada em superfícies sensíveis ao toque para que as crianças executem tarefas semelhantes à abordagem de papel e lápis. Pretendemos fornecer uma opção para avaliar vários alunos ao mesmo tempo, construir uma evolução individual do histórico do aluno, compartilhar diagnósticos e resultados entre os diferentes profissionais envolvidos (fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista e etc), além de permitir que os pais participem de maneira ativa do processo, acompanhando o progresso dos filhos. Logo, já havíamos planejado o uso remoto da ferramenta, pensando na possibilidade de estudo extra-classe (complemento à sala de aula) e nos casos de crianças hospitalizadas que mantêm acompanhamento escolar. Não estava previsto pandemias em nossas descrições de cenários de uso, mas certamente a COVID-19 enfatizou a demanda existente para soluções de ensino remoto, principalmente no contexto infantil.

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Como funciona a ferramenta criada para apoio à alfabetização?

A ferramenta está em fase de desenvolvimento, temos um protótipo do módulo infantil para testes com professores e crianças limitada, inicialmente planejado para tablets Android. Nesse protótipo o aplicativo solicita, por interações em voz, que a criança escreva manualmente palavras/frases e depois as leia "usando o dedo", ou seja, tocando na tela. O principal diferencial da nossa abordagem para as outras ferramentas existentes é a exploração da escrita manual. A maioria dos apps para alfabetização infantil adota a escrita por teclado ou escolha de letras na tela e há pesquisas que indicam maior contribuição do processo de escrita manual durante a etapa de alfabetização. Além disso, o professor pode personalizar o que é solicitado para a criança, inclusive incluindo sua voz ou vídeo, se desejar. Após a criança registrar a sua escrita no app, é gerado um relatório para o professor, semelhante ao que é criado na versão tradicional, em papel. O CEPAE - Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação é nosso parceiro no projeto e pretendíamos iniciar testes de uso em abril, após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da UFG. Porém, foi exatamente quando as escolas fecharam por conta da pandemia. Dessa maneira, estamos aguardando retorno das atividades escolares para testar o protótipo com os usuários. Enquanto isso, estamos desenvolvendo o módulo de professores/profissionais e o módulo para os pais.

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Há um questionário para alfabetizadores e também para pais/responsáveis, quais são as diferenças de abordagens e porque é necessário esses dois pontos de vista?


Queremos reunir e integrar os diferentes atores que atuam com a criança. Por isso, o questionário para alfabetizadores visa identificar, caso eles realizem ditados em sala, como essa atividade ocorre (tempo estimado, possíveis dificuldades, modalidade - individuais ou coletivos) e se classificam os resultados das crianças de alguma maneira, seja baseado em alguma teoria da alfabetização ou criando meios próprios. Aos professores que não realizam ditados em sala, questionamos como avaliam a escrita das crianças, a fim de descobrir outras atividades para futuramente incluir no app. Já aos pais/responsáveis, nosso interesse é detectar demandas para o ensino remoto, se há dificuldades na realização de atividades remotas pelas crianças e em caso positivo, quais seriam essas limitações. Além disso, há espaço em ambos os questionários para pessoas que desejem contribuir mais com a pesquisa, pois pretendemos convidá-las para testes remotos da ferramenta no futuro. 

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Quais são os resultados esperados a partir da pesquisa?


Esperamos auxiliar o professor na realização do ditado de forma remota e também em sala de aula. Neste último, esperamos auxiliar o professor a massificar testes de escrita, uma vez que hoje, a maioria dos professores realiza individualmente com cada criança e consome muito tempo em sala de aula, enquanto outras crianças precisam de acompanhamento também.

Até quando estão abertos os questionários para preenchimento e quanto tempo para se obter resultados a partir deles?
Os questionários estarão recebendo contribuições durante os meses de abril e maio. Dessa maneira, queremos analisá-los em junho e divulgar os resultados a partir de julho.

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Caso tenha algo a acrescentar que não foi perguntado, por favor sinta-se a vontade para descrever.


Inicialmente estamos investigando a adaptação da atividade realizada em papel para realização em tablet, explorando questões de pesquisa em Child Computer Interaction e na elaboração de ambientes especializados para cada perfil de usuário (profissionais, pais e crianças). Porém, pensamos em estender o projeto com outras abordagens que auxiliem o professor no diagnóstico de alguns estágios ou fases de escrita da criança, baseado em teorias de alfabetização usadas no Brasil, a partir de algoritmos de aprendizado de máquina.

Caso seja alfabetizador ou responsável por uma criança em fase de alfabetização responda o questionário e ajude na pesquisa:
Para alfabetizadores: https://jalinemombach.typeform.com/to/G4Nel7
Para pais/responsáveis: https://jalinemombach.typeform.com/to/MeN4Ap

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